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Ceticismo e crença em nossos personagens.

  • Foto do escritor: Franklin Santos
    Franklin Santos
  • 8 de jul. de 2014
  • 4 min de leitura

Sabe aquele personagem muito inteligente daquele livro/filme/série? Bem há grandes chances dele ser um cético/sarcástico/irônico/frustrado. A questão é: Por que a grande maioria dos personagens super inteligentes fazem questão de exibir sua falta de crença( em Deus, nas religiões, ou até nos seres humanos?) Eu penso que a resposta seja: É necessário. Um personagem que acredita em tudo provavelmente vai cair em muitas armadilhas e assim ele não será o cara inteligente da história – por isso é preciso ter um pouco de ceticismo. Traumas também são constantes nos personagens, e é necessário para humaniza-los. Mas por que é tão difícil encontrar um personagem que tem crenças religiosas bem estabelecidas, e ainda assim é o mais inteligente do pedaço?

Com o progresso da ciência, a palavra crença se tornou sinônimo de fraqueza, e tudo agora precisa ser testado e aprovado. Dois minutos no Google e é possível ver que a ideia de alguém ateu está intimamente ligado a alguém que acompanha de perto cada passo da vanguarda científica, sempre com argumentos prontos para derrubar e estereotipar todo e qualquer herege da ciência. Assim a grande maioria dos crânios da ficção é cético. Vejamos dois bons exemplos:

HOUSE>>> Apesar de achar que todo mundo conhece, vou dar um breve resumo sobre ele. House é um médico rabugento e muito inteligente que vive diagnosticando doenças raras e por consequência salvando vidas (Não que ele ligue pra isso). House trava uma verdadeira guerra com seus

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pacientes religiosos que por qualquer motivo não cooperam com os (às vezes psicóticos) métodos dele. House, durante a série, dá inúmeras declarações de como acreditar num deus é ilógico, inútil, etc. No final, House está 99,99999999% das vezes certo em seus diagnósticos.

ROBERT LANGDON>>> Você que não conhece, é o carinha do filme O código da 20 (ahaha). O protagonista dos livros de Dan Brown, é um personagem fantástico. Sua inteligência está em sua memória fotográfica, o amplo conhecimento histórico e a alta habilidade em

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interpretar símbolos. Langdon se recusa amplamente a se envolver com a religiosidade, e é um Darwinista assumido. Volta e meia ele se bate só com o vaticano, o centro do catolicismo mundialmente reconhecido, e não é para pedir a benção do papa. Langdon não é tão contundente quanto House, e não costuma usar de sarcasmo para rebaixar os crentes, mas ele visivelmente discorda dos dogmas da igreja.

ENTÃO, a que conclusão chegamos: Faça-o um ser que não acredita em nada, e ele será o mais inteligente do pedaço.

E R R A D O

Não é possível que um personagem 100% cético conquiste o público assim como um beato de Igreja que só faz rezar nunca vai dar certo. É preciso que exista o conflito. E a prova disso está nos mesmos exemplos que eu citei acima.

HOUSE>>> Para começar, entenda que House é baseado plenamente nos hábitos e inteligência do célebre detetive Sherlock Holmes. A amizade entre House e Wilson é também um reflexo da amizade entre Holmes e Watson. Sherlock possui um arqui-inimigo, Moriarty, que é um desafio à altura de sua soberba e genialidade, alguém que dá verdadeiros problemas pra Sherlock resolver. Na série até aparece um personagem chamado Moriarty e atira nele e tal, mas... quem conhece Sherlock sabe que aquele não é o Moriarty. Quem então seria o Moriarty de House? Bem, nas histórias de Sherlock, Moriarty é um criminoso estrategista que age na surdina, comandando um império criminal na surdina, enquanto todos acham que ele é apenas um professor. Só Holmes vê nele uma ameaça e só Holmes investe contra ele. No universo House quem se qualifica nesses critérios? A resposta é simples: DEUS. Para House, se o paciente tem algo a ver com Deus ele já pressupõe que terá problemas com ele. A maioria das pessoas acreditam em Deus, fazendo House se sentir como um em um milhão que pensa diferente. Todos pensam em Deus como símbolo de bondade, enquanto que House vê a crença como uma futilidade, e não raro questiona o porquê de Deus permitir que as pessoas fiquem doentes, sofram e morram. Desta feita, o fato consumado é que, NA SÉRIE HOUSE, DEUS EXISTE. Ele existe, e é representado pelo obstáculo quase intransponível que House tem que

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superar para tratar cada paciente. O episódio House x Deus praticamente desenha tudo isso que eu falei aqui. A série passa a mensagem subliminar de que se Deus existe, ele é o causador de tudo, inclusive das doenças, e por essa corrente de pensamento, ele se torna aquele que cria os desafios para o médico House superar. Resumindo, tornou-se necessário incluir Deus na série. E se você é Sherlockian, assista House com esse ponto de vista que você vai gostar ainda mais.

ROBERT LANGDON>>> Langdon raramente (não vou dizer nunca, porque não li todos os livros) expõe seu conceito ateísta. Ele praticamente se comporta no agnosticismo: Pra ele discutir a existência de Deus não é importante. Porém, Dan Brown sabe que o ceticismo sem a crença é igual uma criança que viaja sem um amiguinho, - vai ficar emburrada a viagem toda. Como então a crença dá as cartas nos livros de Langdon? Primeiramente, nos seus livros, a atmosfera é extremamente religiosa, visto que Langdon é professor de história da arte, e a arte sacra é riquíssima e valiosa ao próprio desenvolvimento humano. Vez por outra vemos Langdon “fazer uma prece”, revelando que ele reconhece o valor revigorante da oração (quer acredite que há alguém escutando, quer não). Mas, o ponto mais destacado são algumas partes da história em que acontece alguma coisa que salva o personagem, ou a situação, que qualquer poderia pensar que foi intervenção divina. Em Inferno, uma personagem estava prestes a ser violentada quando uma mulher aparece subitamente e a salva, matando os agressores e sumindo misteriosamente em seguida.

Então, com essa análise, chego à conclusão de que nada 100% é 100% bom. Céticos precisam ter crenças, Deus, sentimentos para por à prova suas convicções. Assim, penso: Por que não fazer o mesmo com alguém extremamente religioso? Uma pessoa dotada de fé pode ser brilhante, pode ser sarcástica, pode ser irônica e pode também ser a protagonista de sua história.

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