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Primeiro Capítulo de Alegro!! Segundo volume da saga A Inversão que será publicada em Outubro

*Sinopse: Dois anos após os eventos em Recife, onde Nilk e seus amigos impediram o Maestro Angelo Paroccinio de controlar as mentes de alguns dos homens e mulheres mais poderosos do país com uma música entorpecente chamada Inversão: Prelúdio, a aventura cruza a vida do garoto novamente. A organização Suono recruta Nilk e Calvin para que eles achem outra partitura da Inversão – o Alegro, que está guardada por um homem chamado Leonard Flaysk. Isso não é nada para Nilk Narf, mas as coisas se complicam com a morte repentina de Leonard. A Suono agora quer a pele de Nilk a qualquer custo, visto que ele foi a última pessoa a falar com o sujeito.

Nesta aventura literariamente musical, Nilk terá que aprender a fazer as escolhas certas quanto a quem confiar. O nosso BR irritante irá causar problemas ( e depois tentar resolvê-los) em terras russas. Nilk terá que descobrir que segredo a música Alegro guarda, e rápido, porque Angelo Paroccinio está LIVRE.

Capítulo I

INOCENTE

Quinta-feira, 15 de abril

- Eu chamo à corte, o senhor Angelo Paroccinio. – Exclamou o detetive Edson Mares.

A figura imponente do italiano se levantou algemado, porém vestindo-se elegantemente sem transparecer que estivera preso nos últimos 26 meses. Talvez tenha algo a ver com o fato que assim que Angelo foi detido, todas as celas da cadeia passaram a ter frigobares, TVs pagas e poltronas do papai. Angelo lançou um olhar mortal para o detetive que há algumas semanas havia revelado ser também bacharel em direito. Sentando-se no banco dos réus, fez o juramento sobre a Bíblia Sagrada e aguardou o interrogatório do oficial da lei.

- Me responda: O senhor é italiano com nível superior em música, e especialização em regência?

- Sim, eu sou. – afirmou Paroccinio.

- Por que veio ao Brasil?

- Por dois motivos. Primeiro queria difundir a música erudita italiana. E depois, queria trazer a minha neta, que é filha de brasileiro, para conhecer o país.

- E o que você pode me dizer a respeito do programa de manipulação cerebral chamado Hamelin?

- Nunca ouvi falar. – disse Angelo, enrugando o queixo e inclinando as sobrancelhas.

- Mentiroso.

- Não adianta tentar me intimidar, senhor.

- Claro que não. Não preciso te intimidar. Pelo contrário, só queria te dar a chance de se entregar e poupar nosso tempo. Mas vejo que você não possui uma consciência para te impelir a isso. Terminei meritíssimo.

Edson sentou-se em sua mesa com seu colega da delegacia Tomas, cochichando sobre o próximo passo do julgamento. Acharam por bem chamar as testemunhas oculares do plano Hamelin; Nilk e Calvin; visto que os documentos que Edson havia apreendido de Angelo se perderam num infeliz problema de encanamento da casa dele. Elias e Raquel cortaram todo o contato e Carlo Paroccinio havia fugido da cadeia três meses antes do julgamento. Seus planos, no entanto, sofreram uma pequena interferência quando o advogado de Angelo, o Sr. Benito Górgio, homem velho e cabeludo, com as feições do rosto tão imóveis que parecia que o homem já estava morto. O notável senhor usava quatro enormes anéis na mão direita, anéis estes, que juntamente com a longa manga do paletó do sujeito, cobriam todo o dorso da mão. Ele levantou-se para sua defesa.

- Eu chamo à corte, o Sr. Edson Mares.

Era sem dúvida uma surpresa para Edson ouvir seu nome ser anunciado. Num caso em que ele mesmo estava investigando, seria irônico servir ele de alguma ajuda na defesa do acusado.

- Senhor Mares, o senhor além de advogado, é detetive?

- Na realidade, além de detetive, sou advogado.

- E o senhor acusa o meu cliente de arquitetar e executar um plano de alcance nacional, por controlar as mentes dos líderes políticos no aniversário da cidade de Recife – Pernambuco?

- Precisamente.

- De que maneira ele tentou fazer isso?

- Por usar uma espécie de música com efeitos alucinógenos.

- Só pra constar, isto é ridículo, Sr. Mares. Mas, continuemos. Creio que o júri vai entender meu ponto de vista. O senhor acusa meu cliente de planejar um atentado, mas pelo que consta o senhor só esteve em recife na noite de 12 de março. Como então pode afirmar o que o meu cliente fez ou deixou de fazer nestes quatro anos que ele passou aqui?

- Eu tenho quatro testemunhas oculares, e seriam cinco se o filho dele, Carlo Paroccinio não tivesse convenientemente fugido da cadeia.

- E quem são as quatro?

- Nicolas Narf, Calvin Acre, Elias e Raquel Rosário.

- Estão todos aqui?

- Não, apenas os dois primeiros.

- Ótimo. Vamos ouvi-los. Eu chamo Nicolas Narf ao tribunal.

Todos na audiência se viravam para todos os lados para ver a importante testemunha do caso. O burburinho aumentava com a expectativa de mais informações que viriam à tona. Com o tempo, contudo, o barulho cessou e Nilk não se levantou do meio da multidão presente ao julgamento. Não o fez por que não estava lá. Na verdade, Nilk estava a mais de dez mil quilômetros de distância daquele tribunal. Tampouco Calvin respondeu ao chamado. Edson não compreendia a ausência deles àquele momento de suma importância, sendo que eles eram suas únicas provas concretas restantes.

- Parece que não estão aqui, Sr. Mares. Isso torna a sua acusação apenas verbal, o que não vale muito, mas o senhor sabe disso porque além de detetive é advogado.

- Impossível – murmurou irritado Edson.

- Agora vejamos o ponto que eu julgo mais importante do dia. Onde o senhor esteve nos dois meses que antecederam o incêndio, de cuja responsabilidade o senhor acusa meu cliente?

- Passei por vários lugares. Belém, São Paulo, Rio, Aracaju...

- Em que lugar esteve quando visitou Aracaju?

Edson estranhou o interesse do seu adversário nos seus antigos paradeiros.

- Estava no Conjunto João Alves.

- Excelente. Meritíssimo, senhores presentes; sou um advogado de defesa. Acredito que a acusação que farei servirá de defesa para o meu cliente, que ao final desta fala, todos se darão conta de que é inocente.

“Este homem, Edson Mares, lamento informar, não está apto de exercer suas funções como detetive e muito menos como policial.”

Edson não podia acreditar no que ouvia e na posição em que agora se encontrava. Estava completamente desarmado.

“Edson, - continuou Benito – eu acho que é justo revelar que, alem de advogado eu também sou médico. E o senhor está sofrendo de perda de matéria cerebral, causada pelo uso excessivo de fumo, principalmente a canabis, vulgo: maconha.”

Edson se remexeu na cadeira e protestou, cessando apenas com a negação do juiz e a martelada do meritíssimo à mesa visando à ordem no tribunal.

“A canabis já afetou o cérebro dele, e ele está viciado, a prova é que ele apesar de não possuir nem um metro quadrado de terra em Aracaju, ficou um tempo lá justamente no bairro em que o tráfico de drogas é mais forte. Porém, o que me deu certeza foram as narrativas fantasiosas dele, quanto as testemunhas que não existem, ou se mudaram para um lugar desconhecido, ou morreram. O fato é que ninguém está aqui. E a acusação sem base sólida do meu cliente obviamente foi gerada pela união de uma mente podre pela erva com um incêndio que ele apenas viu de relance. Sem descartar, é claro, o destacável preconceito pelo fato de meu cliente não ser nativo-brasileiro.”

- Eu protesto! Especulação!

- Observação, meu caro. E eu sugiro, Meritíssimo, que o Sr. Mares seja afastado das suas atividades por um tempo para recuperar a saúde e o bom senso.

Ambos esperaram avidamente a decisão do juiz que ficou pensativo por quase um minuto. Após isso se deu o veredito.

- Com base na falta de provas para a acusação, eu declaro o senhor Angelo Paroccinio inocente. E prescrevo uma investigação ao senhor Edson Mares quanto ao seu comprometimento com o serviço policial.

O som do martelo selou as palavras. Todos então começaram a se levantar. Um policial se dirigiu a Paroccinio para abrir-lhe as algemas. Livre estava então ele, que teve seus planos maléficos evitados na última hora por um jovem de dezoito anos e seus aliados; causando uma interna e real humilhação para um homem do patamar de Angelo. Antes de sair, porém, ele se dirigiu ao desolado Edson.

- Não é terrível quando você planeja fazer uma coisa, mas alguém que não tem absolutamente nada com isso atrapalha? – perguntou Angelo, com uma expressão de pena.

- Onde estão eles? O que você fez? – perguntou Edson com ódio nos olhos.

- Então acha que eu fiz tudo isso de dentro da cela imunda que você me colocou. Fico lisonjeado. Mas não. Não toquei neles.

- Sua palavra não vale pra mim nem cinzas de papel.

- Cinzas de tabaco, Edson, que você deixou cair perto de mim, valeram ouro, como você pode imaginar. Meu caro, eu apenas contratei um bom advogado para que eu pudesse exercer minha liberdade. Não quero mais ver Nicolas ou ninguém do seu círculo. Na verdade quero distância deles.

- Acho que mandou Carlo atrás deles. Eu tentei avisá-los...

- Não vou mais repetir, não estou com eles. E, quanto a Carlo, ele não teria tempo para fazer isso, pois tinha muitas coisas pra estudar. Coisas sobre encanamentos, fumo, tráfico em Aracaju. Você sabe; irrelevante.

Angelo deixou lá Edson, ainda sem acreditar no que acontecera. À entrada do tribunal estava esperando por Paroccinio o Sr. Benito Górgio. Após Angelo passar por ele, ainda na entrada, o advogado tirou os quatro anéis que usava e deixou a vista um antigo ferimento de bala no lado exterior da mão. Edson, então levou as mãos à cabeça, se envolvendo num mar de pensamentos e buscando soluções que após essa virada de jogo, pareciam inexistentes.

Angelo e o Sr. Benito entraram no carro, que era dirigido por uma mulher. Após percorrerem cerca de 1 quilômetro Benito pôs a mão na parte de baixo do maxilar e começou a tirar uma máscara que estava em seu rosto. Depois fez o mesmo com a peruca e com os enchimentos nas bochechas, de forma que em cinco minutos estavam no carro Angelo e Carlo Paroccinio, com a Drª Débora como motorista.

- Pra mansão, Débora – disse Angelo – Felizmente não tocaram no avião.

. . .

Enquanto aquilo acontecia por volta das onze da manhã mo Tribunal de Belo Horizonte – MG, já eram cinco da tarde na fria Rússia, onde se encontrava mirando estaticamente o pôr-do-sol, um homem com um fone de ouvido e com um imenso sorriso de satisfação na face. Em segundo plano estavam Simone Dolak, Calvin Acre, Nilk Narf e uma quarta pessoa, observando assustados ao quadro incomum.

Fica evidente que devo ao leitor uma explicação de como todos esses eventos se desenrolaram até chegar neste ponto. E é com este intuito que continuo minha narrativa.

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